Parques eólicos marítimos (offshore) como fronteira energética? Impactos e sinergias com os aspectos socioambientais e a atividade pesqueira no Nordeste do Brasil

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Thomaz Xavier
Adryane Gorayeb
Christian Brannstrom

Resumo

O ambiente marinho é mais vantajoso para a energia eólica em comparação com a superfície terrestre, o que pode resultar em maiores fatores de capacidade (eficiência) e densidade de potência para Parques Eólicos Offshore (PEO). Em julho de 2023, 78 projetos estavam em análise pelo órgão federal licenciador brasileiro. Questões socioambientais devem ser consideradas no processo relacionado aos diferentes usos do espaço marinho. Há uma lacuna na bibliografia internacional sobre o tema. Além disso, o contexto brasileiro se apresenta com uma diversidade de usos no espaço marinho. A pesca artesanal se destaca por ser fundamental para a manutenção do modo de vida e segurança alimentar de inúmeras comunidades do litoral brasileiro. São cerca de 650 territórios pesqueiros ao longo da costa brasileira, envolvendo indiretamente mais de 3 milhões de pessoas na atividade. O objetivo deste artigo é sintetizar os impactos socioambientais potenciais e conhecidos dos PEOs, com foco no contexto da pesca artesanal no Nordeste do Brasil. Os impactos diferem entre as fases de pré-construção, construção e pós-construção, podendo ter efeitos de curto, médio e longo prazo. Além disso, deve-se atentar para a fase de descomissionamento das estruturas. Embora a literatura apresente possíveis impactos positivos na pesca, destacamos possíveis prejuízos econômicos na atividade pesqueira por diversos motivos, incluindo exclusão espacial, dificuldade de navegação e redução de peixes. Ações efetivas são necessárias para mitigar tais perdas, sendo o licenciamento ambiental um importante curso de ação. Por fim, é imprescindível que as ações de implantação de parques eólicos offshore estejam alinhadas com os conceitos de justiça energética.

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Artigos
Biografia do Autor

Thomaz Xavier, Universidade Federal do Ceará

Doutor em Geografia pela Universidade Federal do Ceará, Brasil. Integra o Laboratório de Geoprocessamento e Cartografia Social (Labocart) do Departamento de Geografia da UFC como Pesquisador. Participa de pesquisas nas áreas de Cartografia, Geoprocessamento, Mapeamento e Veículos Aéreos Não Tripulados, Mapeamento Participativo e Políticas Socioambientais.

Adryane Gorayeb, Universidade Federal do Ceará

Doutora em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP-Rio Claro, Brasil. Coordena o Laboratório de Geoprocessamento e Cartografia Social (Labocart) do Departamento de Geografia da UFC. Em 2016, concluiu um Pós-Doutorado em Geografia pela Texas A&M University/EUA em Energias Renováveis e atualmente lidera o Observatório de Energia Eólica.

Christian Brannstrom, Texas A&M University

Doutor em Geografia pela University of Wisconsin, Madison EUA. Atualmente é Professor da Texas A&M University e Professor Visitante da Pós-Graduação em Geografia (CAPES) da UFC. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia da Energia e Geografia Histórica.