OIL PRICES, NON-DETERMINISTIC PATH DEPENDENCE AND THE FUTURE OF THE WORLD ENERGY ORDER
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Resumo
A visão dominante nos estudos sobre a Economia da Energia é a de que o surgimento do moderno sistema de precificação de petróleo é a confirmação da hipótese dos mercados eficientes e da tese de que os sinais de preços seriam suficientes para guiar a transição energética rumo a um futuro renovável. Entretanto, o que se tem efetivamente observado é a continuidade da dominação do petróleo e do gás na matriz energética mundial, a despeito dos problemas ambientais associados a essas fontes de energia e de acordos para limitar seu consumo. Neste artigo argumenta-se que o poder importa; isto é, que decisões sobre como precificar o petróleo e o gás natural são também o resultado das decisões de atores importantes – guiadas por interesses investidos - em determinadas junções críticas da história. Neste sentido, o atual momento, que tem-se revelado extremo profícuo para a difusão das energias renováveis, representa também uma junção crítica para decidir como será o modelo de precificação de energia do futuro. Sob essa perspectiva, preços não são o reflexo neutro da interação entre ofertantes e demandantes no mercado; eles são instituições que refletem um determinado balanço de poder, e que, portanto, são capazes de estruturar o futuro. Para tal, demonstra-se que o moderno sistema de precificação do petróleo surgiu por meio de um processo não-determinístico dependente da trajetória, cuja origem remonta aos anos 1970. Nas décadas seguintes os participantes do mercado - empresas de petróleo, traders, países exportadores e atores do mercado financeiro - optaram por seguir essa trajetória, o que fez com que esta passasse a ter retornos crescentes de escala. Além disso, a decisão dos participantes foi determinante para que a lógica financeira se tornasse hegemônica neste mercado. Embora o resultado desse processo dependente da trajetória seja o “lock in” de um dado arranjo institucional, é demonstrado que em determinadas junções críticas existem possibilidades de mudança institucional, que são precipitadas sobretudo pelas decisões de agentes do mercado financeiro, pela estratégia geoeconômica da China, e pelas mudanças na matriz energética mundial. Sugere-se que a consideração dos custos sociais e ecológicos do sistema de precificação petrolífero dominante possa ajudar a precipitar as próximas mudanças institucionais. O artigo é concluído com uma análise das perspectivas de uma transição deste sistema para modelos de precificação elétrica e para a chamada economia do custo zero marginal no âmbito da energia.